quinta-feira, 20 de junho de 2013

Tourada


Tourada é a palavra indicada para descobrir como fechar esta tenda de praia.
Há lá serão mais animado?
Recomendo vivamente!
A ajuda de vídeos no youtube foi a salvação!

sexta-feira, 14 de junho de 2013

Há textos fantásticos não há? Ora espreitem.





"Aos 9 de Junho de 2013, à Ana por ocasião dos seus dez meses

Querida Ana,

Fazes hoje dez meses, duas mãos cheias de meses, dias somados, horas e minutos em que colores a minha vida a tinta permanente, num amor que nunca se apagará.


Dez meses, filha, como os dedos pequeninos das tuas mãos, covinhas nos nós, palmas bolachudas, coisa mais querida nunca vi.


Hoje queria ensinar-te o mistério dos dedos, todos tão diferentes mas parte da mesma mão, todos com as suas especificidades e funções, mas resultado de um todo, da mão que é tua e segura o meu Mundo. Aqui vão, Ana, algumas lições que estão na palma da tua mão, ao alcance do teu olhar:


Mindinho- Muitas vezes as coisas pequeninas parecer-te-ão insignificantes. Não são. Muitas vezes (na maior parte) são as pequenas coisas que guardam em si a maior magia mas, certamente, só o saberás daqui a muito tempo quando um banho no oceano- no mesmo que tens à porta de casa e podes ir todos os dias- tiver um efeito purificante na tua alma. O céu está cheio de estrelas mas saberás, um dia, que a mais pequenina e a mais brilhante é a que vela por ti. Eu tenho duas assim, pequeninas, são os meus avós. Um sorriso tímido num rosto triste, um sorriso pequenino, pode ser o milagre no dia de alguém. Uma flor amarela, erva-azeda que seja, do campo e insignificante, pequenina, tem a magia que nenhuma coroa de flores sumptuosas consegue transportar. Um beijo, o primeiro, a medo e pequenino, um chochinho nos lábios, vai ficar sempre na tua lembrança como o mais especial. E assim a vida, Ana, dizem que nos frascos mais pequenos se guarda o melhor perfume. Não são balelas, acredita na tua mãe.


Seu vizinho- Ter amigos é essencial. Ter uma rua, vizinhos de infância, recordação do jogo da macaca ou da cirumba riscadas a giz no alcatrão da rua da tua avó vai ser das melhores lembranças que te vamos deixar.A Maria nasceu há dois meses, a avó dela é a mãe da Rita, também fomos vizinhas desde sempre. Brinca com ela, filha. Inventem histórias e filmes, sujem-se com água e farinha e dêem mergulhos ridículos na piscina de borracha que a tua avó de há-de montar no quintal. Joga ao mata, ao elástico, joga sempre com um par. Brincar sozinha, tal como tudo o que se fás só na vida, não tem metade da poesia. Sê comunitária.


Pai de todos- Respeita sempre os mais velhos. Quando o teu pai e um formos velhos, com menos capacidades físicas ou intelectuais, lembra-te que somos sempre as mesmas pessoas. Seremos o que somos hoje mas com tempo acumulado, vida arquivada e merecemos-te todo o respeito e amor. Ama-nos com a mesma magia no olhar com que o fazes hoje e recebe-nos com o mesmo sorriso aberto e deslumbrado com que o fazes sempre que nos apartamos, agora, por um par de horas. Não te esqueças que estamos na vida contigo e que somos parte de um todo que só se completou com a tua chegada.


Fura-bolos- Há um film,e que saiu pouco antes de nasceres, que se chama "Comer, orar e amar". Tal como no filme, Ana, viaja. Se tiveres que poupar dinheiro para alguma coisa, se tiveres que trabalhar para teres caprichos consumistas, que seja, então para viajar. Para conheceres o Mundo e, mais importante, para conheceres as gentes. Para comeres salmão fumado na ilha de Skye ao lado da destilaria do whisky mais álcóolico do Mundo, para te deliciares com um bolo cheio de creme na Oberweis ao pé do trabalho da tia Xana no Luxemburgo, para beberes um cosmopolitan no terraço da quinta avenida onde brindámos à tua chegada, ou te maravilhares com a paella no mercado de San Miguel, a comer de pé e às gargalhadas, como o fizemos com o teu tio Jorge, para beberes chá de menta naquela rua de Tunes ao pé da medina, onde eu e o teu pai nos perdemos um dia, e, finalmente, mordicares mancarra e caju, comidos desenfreadamente em Bissau, à sombra de uma árvore do quintal da tia Catarina. Engole o Mundo, minha filha, mastiga-o e saboreia-o.

Mata-piolhos- Não tenhas pudor em ajudar quem precisa. Em sujar as mãos para ajudar um amigo a mudar o pneu do carro, em matares piolhos a crianças numa missão em África (vai, filha, vai!), em alinhares em banhos tardios no mar com monitores, como tu voluntários, em qualquer colónia de férias. Não tenhas cerimónias em comer fruta directamente da árvore enquanto ajudas o Zé António a tratar do pomar da quinta, em sujares as mãos com óleo da corrente da bicicleta de uma criança que te pediu ajuda ou com tinta por ajudares um amigo a pintar as paredes da casa nova, para onde se mudou. Em mudares a fralda à tua avó, como eu o fiz vezes sem conta, um dia que ela possa ficar acamada e precisar de ti. Ajuda os outros, filha, sem pruridos nem mariquices. O bem é como uma procissão: volta sempre ao local de onde partiu.

Agarra o Mundo e a vida com força, Ana, com a força que os teus dez dedos, tantos quantos os meses que hoje celebras, te permitam. Porque o Mundo, filha, o Mundo (digam o que disserem os pessimistas, os cientistas ou os cépticos), o Mundo- caramba!- está nas tuas mãos.

Um beijo da tua mãe. "



http://maegyver.blogspot.pt/2013/06/aos-9-de-junho-de-2013-ana-por-ocasiao.html